Quarta com mercado agitado
- Adriano Raimundo
- 3 de mai.
- 3 min de leitura
Investing.com - O mês de maio começa sob a expectativa de distensionamento da guerra tarifária entre EUA e China, com o país asiático confirmando que Washington o procurou para conversas. Pequim aceita iniciar as negociações desde que o governo Trump retire as tarifas implementadas este ano, embora fontes ouvidas pelo The Wall Street Journal apontam que o governo chinês avalia usar o fentanil - substância produzida em larga escala na China e usada como matéria-prima para opióides nos EUA - como ponto de partida para as negociações.
Sob este pano de fundo global, a semana entre os dias 5 e 9 de maio terá enfoque sobre a decisão das taxas de juros nos EUA e no Brasil, ambas na quarta-feira (7). Cada Banco Central sob desafios diferentes: enquanto o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) está sob a incerteza das tarifas sobre o crescimento e a inflação na maior economia do mundo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil enfrenta o desafio da desancoragem das expectativas de inflação, inflação vigente bem acima da meta, mercado de trabalho aquecido em meio a medidas fiscais expansionistas do governo brasileiro diminuir os efeitos do choque de juros do Copom iniciado em setembro do ano passado.
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Falas de diretores do Copom deram nas duas últimas semanas a perspectiva de fim do ciclo de alta da Selic na reunião de maio com falas sobre a “incipiente moderação” do crescimento econômico. Porém, o presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, reforçou o tom duro de que a expectativa de inflação no horizonte relevante (3º trimestre de 2026) ainda está longe do centro da meta.
Anúncio de terceiros. Não é uma oferta ou recomendação do Investing.com. Leia as nossas diretrizes aqui ou remova os anúncios.O Copom vai cumprir a sinalização do último comunicado e subir novamente a taxa Selic, resta saber se meio ponto percentual ou 75 pontos-base, para 14,75% ou 15%. Além disso, o mercado espera se o Copom vai comunicar ao menos mais uma alta da Selic, para a reunião de junho, ou se pode indicar que o aumento de quarta será a última desse ciclo.
Nos EUA, a manutenção da taxa dos Fed Funds no intervalo entre 4,25-4,5% é consenso entre os investidores. A lupa estará na parte do comunicado referente à diminuição do balanço da autoridade monetária, que na prática significa a retirada de dinheiro do mercado e restrição financeira semelhante a uma alta de juros. Será que o quantitative tightening (QT) vai ser encerrado?
A entrevista coletiva de Jerome Powell, presidente do Fed, será acompanhada pelo mercado em busca de pistas de quando vai retomar o ciclo de corte de juros. A abordagem cautelosa à condução da política monetária sob os efeitos das tarifas na economia dos EUA para não se precipitar tanto para um corte como para uma alta de juros está vencendo a ansiedade dos investidores para um corte rápido dos juros. Após os dados do mercado de trabalho da última sexta-feira, quando apresentou robustez, os investidores já projetam corte de juros de junho para julho.
O jogo do Fed é não deixar a alta temporária de preços das tarifas contaminar a expectativa de inflação de longo prazo nos EUA. A resposta só deve vir após julho, o que deixa o mercado ainda sob uma posição precipitada de quando o Fed deve agir. Os investidores podem ganhar essa batalha se houver uma deterioração rápida do mercado de trabalho, sendo que os dados do mês de abril, o primeiro mês sob os efeitos das tarifas, ficaram bem longe de uma piora.
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